O infinito como limite?: maio 2006

"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!"

" Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha."

Álvaro de Campos

As pessoas são um mistério...

As pessoas que viviam naquela casa conheciam um dos indivíduos da foto. Era raro vê-lo, no entanto parecia-lhes um homem simpático, interessante e devia ter bom gosto porque a casa onde viviam, da qual o tipo era proprietário, agradava-lhes bastante. No entanto não conheciam o outro que aparecia na fotografia...e pensavam em quem seria, qual o relacionamento entre eles, irmãos, primos, amigos, amantes,...? E no momento em que a imagem foi processada: sobre que estariam a conversar? Onde estavam? De onde vinham? Para onde iam? E porquê?...

Ficou o mistério em torno daquele pedaço de história, que devia ser importante, tal era a sua disposição na sala de estar.

Mas isso levou a outras questões, aquelas que muitas vezes nos passam pela cabeça quando passamos por um desconhecido na rua: quem é?, como é?, o que pensa?, como pensa?, o que faz?, etc. As mesmas perguntas coloco em relação a pessoas que penso conhecer: É que na minha opinião o ser humano é muito complexo e há tanto que camufla sobre si , tanto escondendo dos outros como até mesmo de si próprio, que não dá para perceber o que realmente é na sua essência e o que na maioria dos momentos lhe vai na alma.
Acho que é daqueles mistérios que nunca vão ficar resolvidos, mas isso é o que faz a nossa vida ser interessante...ou não?

A propósito da minha tese de mestrado....

"O homem torna-se muitas vezes o que ele próprio acredita que é. Se insisto em repetir para mim mesmo que não posso fazer uma determinada coisa, é possível que acabe por me tornar realmente incapaz de a fazer. Pelo contrário, se tenho a convicção de que posso fazê-la, certamente adquirirei a capacidade de realizá-la, mesmo que a não tenha no começo."

MAHATMA GANDHI

E então é assim que vai ser!

A vida é uma arte cheia de cor. É por isso que eu adoro viver!

Mesmo com todas as incertezas e contra-equilibrios que possam surgir ;)

Se bem que nem sempre é fácil e por vezes bate-se em cheio com o nariz na porta...

É preciso ganhar as tais resistências, para que o choque não seja tão forte e logo a seguir levantar a cabeça e pensar mais alto. Se preciso for deve-se abstrair um pouco da realidade, e é por isso que eu gosto da arte e da maneira como a vejo e entendo...
COMPLICADO????

Tenho a dizer que a incertidão, a instabilidade e a insegurança das "coisas" nomeadamente do futuro não me assusta, no entanto já fui bem mais resistente e indiferente a tudo isso. Neste momento "sofro" de um mal: gostar do equilíbrio...

Nostalgia de uma viagem de comboio...

This magic moment...

Outros mundos...

A bruma do nascer de um dia

A paz do descanso das vítimas de
um naufrágio numa praia deserta

A praia deserta cuja natureza é tão
bela quanto selvagem

A luz do farol no fim da terra

O casal que repousa junto ao local
onde um dia naufragou um barco
petroleiro

A casa de um artista louco que viveu
40 anos correndo nú pela praia e
"inventando" o seu recanto que faz
lembrar "El bosco" de Gaudí e morreu
de tristeza ao ver sua obra destruida
pelas consequências do derrame de
um petroleiro acidentado